domingo, 26 de julho de 2020

Dizem que hoje é o dia do escritor. - Josafá Gomes

Dizem que hoje é o dia do escritor.

Por Josafá Gomes - sábado - 25/07/2020 15:00



Então, nessa vibe, diante de tantos que eu amo e admiro, gostaria de homenagear aqueles com os quais posso ter uma aproximação mais física (se for permitido).

Lanço meus abraços e olhos de gratidão à escritora Luce Pereira que, com sua Febre que não passa, me incendeia a cada leitura e me aponta a poesia que está em toda a sua escrita. Além disso, suas postagens no Facebook e Instagram me inspiram a doçura e a suavidade para o bom viver. Luce, eu amo você!

Merece, também, minha homenagem, o escritor Carlos Sena. Esse, com sua perspicácia de mestre e muitas vivências, é quase um reencarnação do Gregório de Matos na pós-modernidade. Carlos provoca, questiona, faz sorrir e me faz ver muitas possibilidades através dos seus escritos. Sei que nossos contatos sempre foram virtuais, apesar das tentativas de encontros físicos. Mas, saiba: eu te admiro muito!

Ivanilson Martins é o outro a quem quero homenagear. Com seus olhos mais de poeta que de gente (poeta não é gente?), vê poesia em tudo. Esse jeito de ver o mundo é o que mais me impressiona! Sou teu amigo e fã. Obrigado por me abraçar com sua poesia e me fazer ver mais beleza no viver!

Neuma Gomes é uma escritora sem livros publicados (até onde sei). Mas cada texto ou trecho que escreve, seja um cartão de aniversário, uma mensagem no Facebook ou qualquer bilhetinho, demonstra o talento que tem! É minha amiga poeta que os deuses colocaram no meu caminho.

Cecilia Dantas chegou de mansinho no mundo literário, mas provocou um turbilhão com seus escritos para o público infantil e ganhou minha admiração! A suavidade de sua pessoa é o que me encanta.

Marcus Pereira é outro que merece esta homenagem. Com sua maneira hora suave, hora abrupta, traz à tona suavidades e denúncias de um mundo ainda em construção.

Por fim, não poderia esquecer do querido João Gomes! Ele que fez da vida uma aventura literária, instiga e provoca em mim as maiores reflexões. Com sua "Vida Secreta" e outros escritos, lançou em mim sentimentos que ainda não soube catalogar. Parabéns, querido!

Meus queridos escritores, amo vocês!

Aproveitando a deixa, eu diria que, para mim, hoje é o dia da saudade!

Amanheci inundado desse sentimento tão gostoso e tão perturbador. E, depois de ouvir a voz deliciosa de Ecilda Freitas nesta manhã, me dei conta que sinto saudades da minha mãe, do meu pai, dos meus sobrinhos e sobrinhas, das minhas irmãs e irmãos, dos meus amigos, dos meus colegas.

Saudades das pessoas que encontrei pelo mundo, dos lugares que visitei, dos beijos e abraços que recebi e dei. Saudades dos pores-de-sol, dos banhos de mar, cachoeiras e rios, das trilhas por mata adentro.

Saudades de andar pelo centro da cidade, de fazer fotografias nos aeroportos. Saudades de comer em botecos de rua, nos espetinhos das esquinas, de comer cachorro quente na rua Sete de Setembro.

Saudades de almoços nas casas dos amigos, de conversas cara a cara! Ah, até senti saudades de dançar, de mexer desengonçadamente esse corpo pouco hábil para a dança.

Saudades dos amigos que se foram recentemente: Vani Ribeiro e André Gama! E saudade da falta que a presença faz!

É muita saudade para controlar. É muita saudade para viver. É muita vida para relembrar e ter ainda mais saudades!

Feliz dia dos escritores e de todos os viventes que inspiram e me fazem sentir saudades!



segunda-feira, 20 de julho de 2020

Najwan Darwish (1978-), por Thiago Ponce de Moraes

TRADUÇÃO

Najwan Darwish (1978-), por Thiago Ponce de Moraes

Foto: Veronique Vercheval




Najwan Darwish (Jerusalém, 1978 –) é um dos mais destacados poetas de língua árabe de sua geração. Darwish vem conduzindo muitos projetos artísticos, entre os quais o Festival Palestino de Literatura se destaca. Em 2009, fundou uma editora em Jerusalém, responsável pelo jornal pan-arábico Al-Araby, onde é editor chefe nas seções de artes e de cultura. A poesia de Najwan Darwish é influenciada pelas tradições arábicas e ocidentais, tanto clássicas quanto modernas, bem como pela poesia sufi. Ele explora temas como a fé, o poder e o trauma para lançar interrogações à história e ao status quo. Sua obra já foi traduzida para mais de quinze línguas e tem sido publicada amplamente em todo o mundo.




“RESERVED”

Uma vez tentei sentar
em um dos assentos vagos da esperança
mas a palavra “reserved”
me encarava como uma hiena

(Eu não me sentei, ninguém se sentou)

Os assentos da esperança estão sempre reservados




DORMINDO EM GAZA

Fado, vou dormir como as pessoas dormem
quando bombas estão caindo
e o céu se rompe em carne viva
Vou sonhar, então, como as pessoas sonham
quando bombas estão caindo:
Vou sonhar com traições
Vou acordar ao meio dia e fazer à rádio
as perguntas que as pessoas fazem:
O bombardeio acabou?
Quantos foram mortos?

Mas minha tragédia, Fado,
é que há dois tipos de pessoas:
aquelas que jogam seus sofrimentos e pecados
nas ruas para que possam dormir
e aquelas que catam os sofrimentos e pecados das outras
moldam-nos em cruzes e desfilam
pelas ruas de Babilônia e Gaza e Beirute
gritando sem parar
Há ainda mais por vir?
Há ainda mais por vir?

Há dois anos andei pelas ruas
de Dahieh, ao sul de Beirute
e carreguei uma cruz
tão grande quanto as casas destruídas
Mas quem vai levantar hoje uma cruz
das costas de um homem exausto em Jerusalém?

A terra são três pregos
e a misericórdia um martelo:
Ataque, Senhor
Ataque com os aviões

Há ainda mais por vir?

Dezembro, 2008




NADA MAIS A PERDER

Ponha a cabeça no meu peito e escute
às camadas de ruínas
atrás da madraça de Saladin
ouça as casas soterradas
na aldeia de Lifta
ouça o moinho destruído, as lições e leituras
no primeiro piso da mesquita
ouça as luzes da varanda
saírem pela última vez
do alto do Vale da Cruz
ouça a multidão arrastando os pés
e ouça-a retornando
ouça os corpos sendo descartados, escute
a sua respiração no fundo
do Mar da Galileia
escute como um peixe
em um rio vigiado por um anjo
ouça os contos dos aldeões, bordados
como kufiyas nos poemas
ouça os cantores envelhecendo
ouça suas vozes atemporais
ouça as mulheres de Nazaré
enquanto cruzam os campos
ouça o cameleiro
que nunca para de me atormentar
ouça-o
e nos deixe, juntos, lembrar
então nos deixe, juntos, esquecer
tudo o que ouvimos
Ponha sua cabeça no meu peito:
Estou escutando a terra
Estou escutando a grama
Conforme passa pela minha pele…

Perdemos a cabeça no amor
e não temos nada mais a perder




NÃO ADIANTA

Não adianta se esconder e trancar as portas
Mudar-nos para onde ninguém nos conhecesse
também não adianta
Mesmo que você se lance do precipício
em direção ao abismo
a história ainda vai se agarrar ao seu nome



.
AS DUAS ÚLTIMAS FRASES

As duas últimas frases antes de você cair
não exprimem o desejo
de deixar pra trás algum significado
Elas não são nem um adeus
nem uma expressão de esperança
Elas são simplesmente necessárias
para a sua queda




SEM QUALQUER ORIENTAÇÃO

Amanhã nossos filhos vão acordar
sem qualquer orientação
eles são os sobreviventes do futuro:
Por algum milagre do Criador
eles sobreviveram
a todas as tentativas de orientá-los




CONTE

Conte-me quem é esse jovem leão
e como ele saltava pelo ar
enquanto o caçavam
de Musrara a Sheikh Jarrah

Conte-me sobre aquele homem magro e bravo
e como um esquadrão inteiro o atacou
no posto de controle de Qalandia
mesmo sem conseguir abatê-lo

Conte-me sobre aquela garota que se manteve firme
enquanto o buldôzer a esmagava
como uma amendoeira em março

Conte isso àqueles
que dizem que fomos derrotados




NO INFERNO

1

Nos anos 30
ocorreu aos nazistas
colocar suas vítimas em câmaras de gás
Os algozes de hoje são mais profissionais:
Eles colocam as câmaras de gás
nas suas vítimas

2

Para o inferno, 2010
Para o inferno, seus ocupantes, vocês e toda a sua prole
E que toda a humanidade vá para o inferno se for como vocês
Que os barcos e aviões, os bancos e os painéis todos vão para o inferno
Eu grito, “para o inferno…”
sabendo muito bem que
sou o único
que vive lá

3

Então, deixe-me deitar
e descansar minha cabeça nos travesseiros do inferno


sexta-feira, 17 de julho de 2020

A quem servem os políticos?

A quem servem os políticos?


Por Marcus Pereira



As cartas estão à mesa e os canalhas (POLÍTICOS) jogam com as vidas das pessoas, usando políticamente a morte, barbarizando com o Brasil em todas as esferas (MUNICIPAL, ESTADUAL e FEDERAL). A crise mundial da saúde (A PANDEMIA) mostra-nos claramente quem é e o que quer, na realidade, a nossa classe política: inflar seu próprio ego, continuar no poder custe o que custar, enriquecer não importando os meios. 
E nós (O POVO)? Estamos fazendo o nosso papel conforme manda as regras de uma sociedade formada por meia dúzia de HERDEIROS DA CASA GRANDE (A Elite) e sua grande maioria OS HERDEIROS DA SENZALA (os trabalhadores), o papel que nos cabe, o de BOBOS DA CORTE, reservados em um CERCADINHO, com a obrigação de batermos palmas a  quem nos despreza e nos nega o papel  de cidadãos. 

Será que em algum tempo fomos protagonistas de verdade ou sempre fomos usados de acordo com o momento e/ou pelos interesses políticos de A ou de B?

Até onde iremos admitir e aplaudir essa gente?. Nós, o povo brasileiro, precisamos rever nossa forma de pensar política, precisamos excluir da vida pública, NO VOTO, um bando de ratos (salve-se raríssimas excessões) que a décadas desmoralizam o cenario político nacional e nada fazem além de se perpetuarem no poder com a nossa conivência. A cada eleição lá estão a mesmas caras  indecentes, imorais, sem escrúpulos, zombando do povo sem o menor pudor. 

Até quando permitiremos sermos enganados por essa OLIGARQUIA DE RAPOSAS?

Se estudarmos o nosso passado recente facilmente iremos entender a real história deste país, talvez assim enxergaremos que a cada novo processo eleitoral estamos travando uma nova luta de classe: BURGUESIA x PROLETARIADO. Uma batalha desleal contra uma elite escravocrata rançosa que usa os políticos para legitimar a exploração e os ganhos extorsivos em cima de uma classe trabalhadora que nunca esteve no poder de fato e de direito.

ESQUERDA x DIREITA é outra grande falácia da política brasileira. Na verdade o que temos é um grande número de políticos populistas, covardes e oportunistas (CANALHAS), que caminham de acordo com a situação política do momento (se adaptam a qualquer corrente que chegue ao poder), os famosos EM CIMA DO MURO, OS SEM "IDEOLOGIA", OS SEM COMPROMISSO COM O POVO (poucos tem na verdade), geralmente formados por uma categoria especifica: BANCADA DA BALA, EVANGÉLICA, AGRONEGÓCIO, etc. e que se encontram inseridos no grupo CHAMADO CENTRÃO (O câncer da politica brasileira), que defendem tudo em prol de si mesmo, menos o interesse da população brasileira.


Como definir essa classe política que pouco se importa com a qualidade da educação, com a saúde pública, a ética, a moralidade, direitos trabalhistas, qualidade de vida do povo? CANALHAS inescrupulosos metidos a espertalhões, egocêntricos que vivem da exploração alheia, dignos do submundo dos esgotos (RATOS).

Quem realmente está do lado do povo? 
O quê quer na verdade esse povo?
É nas eleições que temos as oportunidades de respondermos a essas indagações, de dizermos quem somos e o que queremos. Precisamos dá um basta a politicagem, a desfaçatez e ao mau-caratismo daqueles que nos usam para subir ao poder e ao chegar lá nos chicoteiam como em tempos de escravidão.




"É uma pena eu não ser burro, assim eu não sofria tanto" -  Raul Seixas.