A SECA CONTINUA
Por Marcus Pereira
O Semiárido brasileiro é um dos maiores, mais populosos e também menos seco do mundo. Estendendo-se por 892.809,5km², abrange 41,8% da região Nordeste, atingindo ao norte de Minas Gerais, os sertões da Bahia, de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e uma parte do sudeste do Maranhão. Nele vive aproximadamente 12% da população brasileira (embora rarefeita), ou seja, mais de 19 milhões de pessoas, sendo 8,5 milhões na área rural, (IBGE, 2000).
15.mai.2012 - Em riacho seco, no município de Tacaratu (PE), gado é
abandonado morto pela falta de água na região. Mais de 750 municípios do Nordeste já decretaram situação de emergência e mais de 4 milhões de pessoas foram afetadas Imagem: Beto Macário/UOL |
No Semiárido as pessoas ainda passam fome e sede por falta, mais, de respeito do que de investimentos, pois estes sempre chegaram, no entanto continuam onde sempre estiveram, concentrados na mão de poucos e o que é pior, na mão de quem menos precisa.
Essa é uma realidade que todos conhecem, sem exceção, no entanto poucos se importam a não ser aqueles que sempre tiraram proveito da situação.
Quem são estes? São os que sobretudo se apropriam dos tais incrementos que ali são anualmente despejados pela iniciativa privada (poucos) e pelos aportes públicos (políticas públicas). Tantos são os grupos (principalmente os políticos) que se apoderam das benfeitorias que ali poderiam trazer uma melhor condição de vida, tais grupos sempre estiveram por lá, são as famosas oligarquias, concentradoras de renda e de práticas completamente excludentes, que já não caberia em um mundo mais humanizado, podemos assim dizer. Infelizmente a desigualdade social cresce a tons alarmantes e quem se beneficia em quase todos os projetos voltados para os semiárido nordestino são os poderosos (quase sempre os políticos ou encostados a eles).
Como mudar essa realidade? Essa resposta talvez todos saibam, que seria mudar a mentalidade política e suas práticas, que passa pela não utilização dos projetos voltados para a melhoria do povo que convive com as terríveis secas que assolam a região ano a ano. Seria por exemplo as prefeituras (ou seja os prefeitos) não utilizarem um programa social como o bolsa família, para "acabrestar" a populacão beneficiária desse projeto; O mesmo podemos dizer do programa luz para todos que acabou por trazer benfeitoria ao latifúndio de "coronéis" do longínquo sertão, ou até mesmo do projeto de cisternas para o povo do semi-arido, que por sinal vai deixar de receber incentivo do Governo Federal (este acha que o sertanejo não precisa de água, e mínima por sinal).
A mudança passaria pelos nossos políticos, terem um mínimo de vergonha na cara, que ao entrarem com tostões na vida pública não saírem com milhões, bilhões ou sabe-se lá quantos (lhões). Isso está mais que provado nos dias atuais, salve-se raríssimas exceções. Passa também pelo processo de diminuição de concentração de renda, na verdade uma distribuição com equidade social, é diminuir o tão exagerado lucro concentrado, o acúmulo de capitais. Mas quem ira propor?
A tempos atrás, claro, a situação era mas avassaladora que nos dias atuais, mas ainda existe muita fome, miséria e desnutrição, em grande parte, pela falta de politização do nosso povo, o que é lamentável e os políticos agradecem, e faz com que sejamos tão desassistidos, menosprezados e explorados pelos "bandidos da política brasileira".
É essa falta de entendimento do que é ser político e para que deveria servir a política (digo político) que faz o nosso povo (não só o sertanejo) ser tão agradecido pelas migalhas que a ele chega, é essa falta de entendimento que o faz presa fácil à essas raposas travestidas de ovelhas.
Lamentável é saber que durante muitas décadas ainda teremos que escrever sobre esse assunto.
"Viva o povo brasileiro, salve o povo do semiárido nordestino"
Gado morto no sertão da Bahia devido a extrema seca, em 1994 Marilene Ferlauto/Folhapress |
https://noticias.uol.com.br/album/2012/05/15/veja-imagens-da-seca-no-nordeste.htm#fotoNav=39
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/7419-as-secas-passadas-no-nordeste
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