A MORAL CONSERVADORA, e sua "lógica".
Por Eric Jóia
Recolhe o lixo - NÃODivide tarefas - NÃO
Conversa com os filhos - NÃO
Respeita a mãe quando ela não está perto - NÃO
Tem gato no relógio - SIM
Aceita troco errado - SIM
Estaciona em vaga de deficiente - SIM
Reparte o que tem com os necessitados - NÃO
Trata com truculência no trânsito - SIM
Passa mais tempo no celular do que com o filho - SIM
Acompanha o desempenho na escola - NÃO
Diz "não" e impõe limites - NÃO
Trata as mulheres com respeito e igualdade - NÃO
Usa recibo falso em declaração de IR - SIM
Usa carteirinha falsa de estudante - Sim
Compra produto pirata - SIM
Suborna guarda pra não ganhar multa - SIM
Costuma dizer que ama os filhos - NÃO
Aceita ser contrariado - NÃO
Chega atrasado em todos os compromissos - SIM
Mantém a palavra quando faz uma promessa - NÃO
Dá abertura pra os filhos se abrirem - NÃO
Conversa (mais ouvir que falar) abertamente sobre sexo com os filhos - NÃO
Estimula a autonomia ao invés de ser autoritário - NÃO
Sabe qual a cor, comida e lugar preferido dos filhos - NÃO
Sabe o nome do melhor amigo(a) - NÃO
Separou da mãe mas abandonou os filhos - SIM
Briga por centavos pra pagar a pensão alimentícia - SIM
Paga só o limite legal e ignora outras despesas - SIM
Mas tá preocupadíssimo com a "ideologia de gênero" que vai
perverter o filho. O que pode acontecer se o menino brincar de boneca
quando pequeno, quando nem há qualquer maldade na cabeça? Vai que ele cresce e
vira um pai que gosta de cuidar dos filhos. Doideira né?
Antes que os haters desavisados brotem, não estou fazendo apologia a
ideologia de gênero. Minha crítica é aos pais que não acompanham em nada
a educação dos filhos, transferem pra escola essa responsabilidade e
agora ficam desesperados com o suposto "kit gay". Nunca fizeram um
exercício de matemática, não compareceram ao recital de ballet, ao
festival de natação, ao campeonato de futebol, à apresentação de teatro e
acham mesmo que o que vai "perverter" o seu filho é a ideologia de
gênero.
Antes de ser esse falso moralista, ame seu filho. Se
aproxime, escute, troque, dialogue, se permita ouvir e aprender, não
seja o dono da razão. Acompanhe a mudança de gerações, esteja atento à
maneira como ele absorve informações e conhecimentos, não o obrigue a
ser médico ou advogado ou militar só porque você quer, tudo bem se ele for
designer de games, gráfico ou de interiores. Vestir rosa não é falta de
masculinidade, nem muito menos dançar. Qual o problema se sua menina
gosta de soltar pipa, jogar futebol ou lutar jiu-jitsu? Ela não será
menos "menina" por isso. Pare de achar que são esses comportamentos que
determinarão a sexualidade do seu filho.
Seja porto e não
acusação. Seja a pessoa pra quem seu filho quer correr pra contar sobre a
primeira paixão/decepção. Conheça os amigos, faça um churrasco, dê uma
festa pra molecada na sua casa. Leve e busque nas festas mesmo que seja
de madrugada.
Seja um homem decente, não violento nem abusivo
(isso inclui qualquer atitude abusiva desde determinar com que roupa
sair a levantar a voz) com a mãe dela e ela vai crescer sabendo o que é
ser um homem e principalmente como uma mulher deve ser tratada e não vai
aceitar nada menos que isso. Dê atenção ao seu pequeno ou à sua
pequena. Você é o primeiro grande amor da vida deles, não os decepcione.
Deixe que o mundo fará isso invariavelmente.
Permita que seu
filho te veja chorar pq sim, homem chora sim. Não esconda seus erros,
reconheça e se desculpe. Seu filho não quer perfeição que que v0cê seja
humano, só isso.
Aceite que eles errem. Diminua o nível de
cobrança. Quando eles errarem, ajude-os a encontrar a solução e
identificar o motivo do erro pra que não aconteça novamente. Ser duro
não significa ser grosso. Não precisa ser estúpido pra não ser
conivente.
Se você torce pro Vasco, permita que ele opte pelo Flamengo. Se você torce pro Flamengo, obrigue-o a torcer também
(brincadeira hein).
Dê-lhes asas, não correntes. Ensine-lhes que o
mundo está mudando e que eles podem ser o que quiserem. Acredite neles,
sonhe com eles. Vibre com as pequenas conquistas, ajude-os a
administrar as derrotas. Vista a camisa do seu filho!
DIGA "EU TE
AMO". Abrace, toque, demonstre afeto. Não dói. Beijar seu filho homem
ou dizer que o ama não é "coisa de mariquinha" é coisa de gente, pq
gente que não deixou de ser gente, ama.
Observe os sinais com
atenção, mudanças no humor, no comportamento. Ensine a fazer a barba, a
controlar o orçamento doméstico. Leve-o ao seu trabalho algumas vezes,
pergunte a opinião dele sobre qual lanchonete ir, o que quer comer no
domingo ou qual o destino das férias... enfim, SEJA PRESENTE.
Mais do que preocupação com a sexualidade, preocupe-se com o caráter do seu filho.
Se você fizer tudo isso, aí volte aqui que eu vou acreditar que sua
preocupação é legítima (embora possa ser infundada). Do contrário, você é
só um falso moralista, um estelionato, um reverberador de preconceitos.
Pare de transferir a responsabilidade pro governo, pra escola, pro
presidente... aff. Chame seu filho pra perto, crie pontes ao invés de
barreiras. A bola tá com você, jogador. Forje, pelo exemplo e parceria,
os valores que vc quer que seu filho tenha. E não vai ter ideologia do
raio que o parta que demova ele/ela disso.
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