Ainda resta esperança?
Por Marcus Pereira
Quanto tempo faz que não nos abraçamos, não apertamos as mãos? Gestos simples e corriqueiros da vida, gestos que evocam carinho. Quantos se quer conseguem lembrar o dia de ontem. Sei apenas que hoje faz mais de mês que se quer devíamos sair de casa num distanciamento social que está entristecendo o mundo. Os Primeiros dias, para dizer a verdade, não foram fáceis, porém chegamos até aqui. Sem muitas conversas, sentindo as ausências, esquecendo o botequim, o trabalho, a escola, vivendo outra realidade, se relacionando de forma intima com as sombras que nos restam.
Os dias passaram devagar, e as perdas vieram juntas: dos entes, dos amigos, da esperança, tudo muito rapidamente. As notícias de morte bateram as portas, adentraram as nossas casas e ficaram empilhadas bem à nossa frente, assim nos sentimos impotentes e aos poucos vamos morrendo também. Olhamos para o lado e estamos sós, entrelaçados apenas pela tristeza, pelas aflições de um dia, uma noite, um mês.
Agora, de forma mais presente, passamos a entender que toda morte é um deserto que fica em um cenário mudo, sem os holofotes e com a dor do mais fraco exposta à varanda, no corredor, na sombra que se agiganta. Não tem perdão, restarão os gritos engasgados na garganta daqueles que não conseguem enxergar a luz no final do túnel.
E hoje sentimos falta das pequenas discussões da esquina, do empurra empurra do ónibus lotado, mas o pior é a saudade que ficará daqueles que se foram e não mais voltarão. Onde estará o fim? Onde vão parar as bocas malditas que entoam cânticos de horror e de apologia ao caos? Acaso estes não conseguem sentir que o fim é para todos? Que ainda que demore o bem sempre vencerá o mal?
Parafraseando Mário Quintana eu diria: nós "passarin, eles passarão"! O bom senso vencerá!
Viva o povo brasileiro!
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